Contamos a Lenda

Para contarmos a lenda, inventámos uma pequena narrativa:


Elizabeth abriu a porta de casa e as netas entraram a correr. Adoravam os fins-de-semana passados com a avó. O cheiro da erva, das flores do lindo jardim que rodeava a casa e, sobretudo, as fantásticas histórias de príncipes e princesas que a avó Beth contava.

Naquela noite, as meninas estavam entusiasmadas com a linda e trágica história de amor que a professora tinha contado na aula.

- Oh, Romeu… Romeu! – imitava Sophie

- Julieta… minha amada Julieta! – respondia Melody

- Ai, avó. Não há nenhuma história que se compare a esta.

- Há sim, Sophie. Há uma história que conta o amor de Inês de Castro.

As netas sentaram-se no chão, atentas, como faziam sempre que a avó lhes contava uma história.

“Há muito, muito tempo – começou Elizabeth -, num reino muito distante, havia um rei forte e corajoso que pretendia casar o seu filho – Pedro – com uma linda dama - Constança.

Naquela época, os casamentos eram arranjados pelos pais dos noivos e nem Pedro nem Constança se conheciam.

Constança vinha acompanhada pelos seus criados e por uma prima chamada Inês. Assim, teria pessoas conhecidas com que conversar no reino ainda desconhecido.

Quando o príncipe foi receber a sua noiva, não conseguiu evitar que os seus olhos se cruzassem com os lindos olhos de Inês e, desde aquele momento, sentiu uma paixão imensa a ocupar-lhe o coração. Inês era uma mulher linda.”

- E ele decidiu não casar, não foi?

- Cala-te Melody, deixa a avó continuar.

A avó sorriu e continuou:

- O príncipe tinha de casar com Constança. “Mas, apesar de ter casado com Constança, não conseguia evitar pensar em Inês. E Inês, que sentira também a flecha de Cupido quando olhou para Pedro, não conseguia deixar de sonhar com o príncipe.

Passados poucos anos, já se comentava o amor dos dois jovens e o rei, D. Afonso IV, depois de falar com Constança, decidiu expulsar Inês do país. No entanto, não havia distância que pudesse separar os dois apaixonados.

D. Constança sabia do amor que unia Pedro e Inês e sofria, porque ela também amava o príncipe. D. Constança morreu, diz a lenda, por causa do sofrimento que sentia e depois da morte da Infanta, D. Inês regressa ao país para viver livremente o seu amor.

Desse amor nasceram quatro filhos e tudo poderia ter acabado bem para D. Inês se não existisse o receio de que um desses filhos se tornasse rei. Assim, para evitar que um filho de D. Inês ocupasse o trono que estava destinado ao filho de D. Constança, o rei decide mandar matá-la.”

- O rei era mau. – interrompeu Sophie

- As razões que levaram à morte de Inês foram políticas. – explicou Elisabeth – naquela época, havia necessidade de defender o reino e o rei não podia deixar-se levar por sentimentalismos.

“Aproveitando que o príncipe tinha saído para caçar, os conselheiros do rei procuraram Inês e mataram-na.

Quando o príncipe chegou, já D. Inês estava num caixão. Dizem que Pedro se agarrou ao corpo frio e assim permaneceu durante horas, até que a levaram a enterrar.”

- Eu vingava-me. Matarem assim a minha amada…

- D. Pedro também se quis vingar, Sophie. Iniciou uma rebelião para tirar o rei do trono, mas aconselhado pela mãe, fez as pazes com o pai.

“Quando D. Afonso morreu, o príncipe torna-se rei e decide vingar o seu amor. Procura os assassinos de Inês e castiga-os, arrancando-lhes o coração – a um pelo peito e a outro pelas costas.

Manda também construir dois túmulos – um para ele e outro para Inês – e colocá-los frente a frente, de forma a que, no dia do Juízo Final, quando voltassem a viver, a primeira coisa que vissem fosse um ao outro.

De seguida, manda desenterrar D. Inês, senta-a no trono e proclama-a rainha. Depois, obriga os nobres, um a um, a beijar a mão de D. Inês e a prestar-lhe homenagem. Dizem que o cheiro era nauseabundo, mas com medo de represálias, todos beijaram a mão de D. Inês.

No final, depositam o seu corpo no túmulo.”

- Que horror. Ainda bem que é só uma história inventada.

- Não, Melody. Esta história é verdadeira. Aconteceu no século XIV, no reino de Portugal.
Autores:
Ana Maia, Ana Pereira, Ana Costa, Ana Campos, João Penouço, Sandra Silva, Sara Oliveira, Vera Sousa